E, enfim, de fato estamos no deserto.
A metáfora mudou-se em metástase,
um cancro completamente concreto.
Exposta ao total escárnio filial
(à vaia desvairada de bilhões,
à laia deslavada no poder),
é fatal que Gaia caia na rede
da mágoa, transformando este local,
afinal, em sede de nossa sede.
O futuro, no duro, é isso aí.
Privada suja, louça acumulada,
sugar as tetas da Mãe Terra — e nada,
nem sequer uma lama seca e negra.
Era isso o tal progresso. Egressos da água,
Poema inédito de Jorge Emil (2015)
Nenhum comentário:
Postar um comentário